03/06/08

Terça-feira



Considerado um dos mais perfeitos exemplos do Naturalismo nas letras brasileiras, O Bom Crioulo em tudo defende a tese determinista, segundo a qual o homem deve ser retratado dentro de um ambiente pernicioso e podre, decorrendo daí seu caráter enfraquecido e perverso, sua falta de travas morais, sua perversão, principalmente sexual, causadora de sequelas irreversíveis como a bestialização, a insanidade mental, a histeria ou a degradação.
Nesse romance, pela primeira vez na Literatura brasileira, é tratado o tema do homossexualidade, tendo como foco a vida dos marinheiros, retratada, às vezes, com requintes descritivos que chegam às raias da fotografia.
Narrado em terceira pessoa, esse romance, datado de 1895, tem como protagonista o jovem Amaro, negro escravo, homem forte e de boa índole, mas de espírito fraco que foge da escravidão e se embrenha na Marinha. Aí conhece Aleixo, grumete que atrai o bom crioulo por ser exatamente o oposto, branco e frágil.
A narrativa transcorre linear, e gradativamente o autor deixa o leitor conhecer um vasto painel dos fatos que envolvem o caso amoroso de Aleixo e Amaro. No entanto, Aleixo também é o ponto máximo do amor da portuguesa Carolina, prostituta, mulher excessivamente carente, que nunca havia conhecido o amor desinteressado e é atraída pelo espírito infantil do rapaz branco, pelos olhos azuis e puros. Na terra, envolve-o pelo amor carnal e passa a ser sua amante, mãe, amiga e transpõe para Aleixo todo seu coração reprimido pelas cruezas da vida, ama-o como mulher e como mãe, uma vez que ela não tivera a oportunidade de gerar filhos.
O ciúme interfere nesse singular triângulo amoroso, fazendo Amaro agir irracionalmente, como um animal diante do instinto selvagem, destruindo a sua única razão de ser e de viver. Ambientado preferencialmente no mar, o romance de Adolfo Caminha é a síntese da perversão sexual, descrita de modo ousado e chocante com a arte e a técnica de um artista que soube captar com fidelidade os aspectos cruéis de uma fria realidade


Linguística
Viajei de buzu para a Calçada e ouvi o seguinte diálogo:
- Nunca sei se é poblema ou problema.
- Rapaz, poblema é quando é com os outros, problema é quando é com a gente.


Casa do Bento
- Está lá mãezinha?
- Oh, querido, faz tanto tempo que não ligavas, pensei que já não gostavas da mãe...
- Pare com isso, doidona. - Brincou ele, arriscando algum atrevimento. - Como está tudo?
- Estamos todos bem. O teu sobrinho Lourenço já vai para o 6.º, 5.º ciclo, ai, para o ciclo preparatório, pronto. Está muito crescido.
- Ele é de Oxalá. Também acho. Oxalá consiga passar de ano sempre...
- Sabes que o PPD tem uma presidente mulher?
- Ai sim? - Ripostou ele.
- Sim, é a Ministra da Fazenda, a Ferreira Marques.
- A Ferreira Leite? - Interrogou ele.
- Não. A Dra Ferreira Marques. Tu não vives cá há muito tempo não conheces.
- Ó Mãe, por amor de Deus, eu conheço a Ferreira Leite.
- Lá estás tu. Eu não sou doida. Ferreira Marques e não é do teu tempo.

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