25/03/08

Quis saber quem sou
O que faço aqui
Quem me abandonou
De quem me esqueci

Perguntei por mim
Quis saber de nós
Mas o mar
Não me traz
Tua voz

Em silêncio, amor
Em tristeza e fim
Eu te sinto, em flor
Eu te sofro, em mim
Eu te lembro, assim

Partir é morrer
Como amar
É ganhar
E perder

Tu vieste em flor
Eu te desfolhei
Tu te deste em amor
Eu nada te dei

Em teu corpo, amor
Eu adormeci
Morri nele
E ao morrer
Renasci

E depois do amor
E depois de nós
O dizer adeus
O ficarmos sós

Teu lugar a mais
Tua ausência em mim
Tua paz
Que perdi
Minha dor que aprendi

De novo vieste em flor
Te desfolhei...
E depois do amor
E depois de nós
O adeus
O ficarmos sós

23/03/08

SURREXIT DOMINUS VERE
SURREXIT CHRISTUS HODIE
ALELULIA, ALELUIA.

Páscoa de páscoas
que semeaste nas lágrimas
o pão que doira as manhãs
da alegria do teu passar.

15/03/08

Parabéns, Pai!

PS: Queres um croquete do Imperador?
Tão acabadinhos de sair do forninho...

Parabéns, Pai!

PS: Sabes que te adoro, não sabes?

Parabéns, Sapo!

PS: Afinal, quantos são? 29? 18? 41?
Ou tudo junto, para sempre?

12/03/08

Era vulgar

11 de Março 2008 e:.v:.
Há 10 anos saí de uma gruta no centro da terra. Três viagens fiz e outras tantas pedras encontrei. Procuro aquela especial, a filosofal. Sinto-a mas não a vejo, procuro-a, desejo-a, cheiro-a. Descobriram-me morto, ressuscitaram-me marcando-me com as acácias, obrigaram-me a caminhar dia-a-dia dentro de mim mesmo e a trilhar caminhos que já andei. As estrelas da abóbada são as minha únicas guias, caminho nas linhas entre o branco e o preto. Caminho no sentido do tempo, caminho num círculo, caminho devagar... mas caminho. Regem-me a régua e o compasso, acompanha-me a rainha da noite. Sei que de lá virá a Luz...

Still the only thing...
Desceram a colina de mão dada, jantaram à beira-mar virados para o Castelo velho e mal iluminado. Amaram-se desencalmados e o sabor que passaram de uma boca para a outra permaneceu. É o mesmo sabor, repetido tantas vezes, os mesmo abraços e olhares, os ciúmes e desalento, as vitórias, os obstáculos, os tormentos. A espuma traz-lhe novas vozes, abraços e cuidados. Juntos sabem que tudo vale a pena.

Estou em choque.

Quando era miúdo havia poucos automóveis de marca Mercedes em Lisboa. O mercedes era carro de gente rica ou de estado, pretos, normalmente, com motoristas fardados que impunham um respeito e uma áurea digna da tradição prussiana donde provinha a marca. Com a Revolução dos Cravos extinguiram-se os Mercedes restando apenas a conhecida Mercedes, mas desta feita, Balsemão. Era a única. Primeira dama, mulher de um primeiro-ministro que antes de o ser já era rico. Hoje esta puta desta cidade tem Mercedes em todo o lado. Ele há-os com todas as letras: classe A,B,C,D,E a que se juntam os xpto, ddi, opt, fufufu, enfim, siglas para dizerem que o saloio que vai lá dentro tá cheio de papel... e como diz a minha mãe indignada: «compram carros destes, mas e a gasoil
Não há esquina, viela ou passeio que não tenha um mercedes de qualquer cor ou feitio. Até já os desenham tipo "acaralhados" para o dono poder dizer sem medo: «O meu é maior que o teu.»; «O meu é mais potente do que o teu» ou «o meu é mais caro do que o teu.»
Balsemão, Mercedes, volta que estás perdoada.

A casa do Bento
Piqueno apartamento junto ao Rio Tejo, com janelas amplas e luminosas... e também ventosas.

Episódio 1
Ele entra e beija a mãe.
Ela pergunta-lhe:
- Por onde andaste?
- Fui ao Chiado - respondeu ele.
- Onde?
- Ao chiado...
- Foste onde?
- Ao chiado - gritou, agora com um pouco mais de força.
- Estás para desconversar?
Acaba aqui a conversa.

Este pais não é para velhos...

Fui ao cinema ver o Bardem com MJC. O Filme foi quase à antiga, com intervalo e tudo, mas porra, duas horas meia para dizer o que se percebe na primeira meia-hora, ninguém merece.
Estamos sempre à espera que surja qualquer coisa nova, mas não. As tragédias sucedem-se. Ninguém pode nem consegue fazer nada. Ninguém compreende como é que se chegou àquele,(este) estado. Todos estão(são) espectadores. Deixem-me desabafar:
«Oh Javier, filho, andar com uma bomba de oxigénio desse tamanho só para rebentar umas fechaduras é mau para a coluna...»
Desilusão. (mais uma)

Casa do Vento
Episódio 2
A salona estava gelada.
- Mãe - disse ele - podemos fechar a fresta da janela?
- Estas casas ganham muito cheiro se não são ventiladas - retorquiu sem tirar os olhos da notícia da substituição de Camacho.
Ele levantou-se, foi até um dos quartos e embrulhou-se num cobertor de papa. Regressou à sala como se fosse um monge encapuçado.
Ela levanta-se de rompante e comenta:
- Já vi que estás para desconversar. Vou deitar-me.

Olivier, Café, boa comida, bons empregados, decoração comestível à excepção dos candeeiros que não se conseguem realmente engolir e muito menos cagar. Só não faz falta o Olivier, que não tem chama, nem tempero. Aqui.

República das Flores, linda. Só não é preciso levarem-na tão a sério. Não deixem lá o cu... senão ele vende-o.


Lisboazona... Beige,vou pintar o meu tecto de beige.

07/03/08

A maior liberdade...


Sapo,
roubei à Jeanne Moreau uma frase "muito lá de casa" e que ela confessou há muitos anos àquele que amava.

A (maior) liberdade é poder escolher aquele de quem seremos escravos.

Para ti, quase de parabéns... still crazy...

Tem a sua graça

Cheguei a Lisboa e todos os dias surgem notícias de assassinatos brutais. Um levou um tiro na cabeça, a outra morta à porta do carro, outro ainda foi esfaqueado com o pormenor de serem três facadas no coração. Perplexo, liguei a televisão e conheci o Inspector Barra perorando sobre a iminência de Lisboa ser invadida por pobres que partem montras e roubam tudo. Oh filhos, apliquem a receita baiana. Comprem-lhes grades de cerveja e chamem o Tony Carreira para um megaconcerto que isso passa. Se não resultar chamem o Pisirico para fazer um Pagodão...

Jantei em casa da Tampinha... com as gajas do blog. Conversámos, trocámos porcarias e ficou decidido que iria dar um curso intensivo: Mestrado em Desabrochar (atenção que neste caso o vocábulo não significa tirar da boca) e em Wash and go.

Maria João de Oxalá Estava linda. Trocámos carinhos e piropos. Está grande e anda num supé-colégio onde toca piano. Ainda gosta de assistir a ópera em DVD. No meio do jantar exclamou com a cabeça encostada a mim: «Porque é que vocês embirram com tudo o que é clássico?» Gosta dela e prontos!

Chef Rukas Pusemos o avental e fomos... Ainda me têm respeito porque fizeram as entradas todas comme il faut. Depois do Escocês Antigo continuámos a conversa e a janta. Que prazer!

Queixas Aqui queixam-se de tudo. Das rendas de casa, do aumento do pão, do aumento do café, do frio, do calor, dos transportes, da gasolina, da crise... porra. Venham ao Brasil que ainda por cima é um pais riquíssimo para verem o que é bom para a tosse. Porra!Faduncho, faduncho.
E os velhos? Foda-se! Os velhos só querem ir ao médico. A partir dos 50 anos só querem médicos, TACS, fisioterapia, comprimidos, pomadas, vacinas e tratamentos. A televisão está cheia de gajas a falar dos cancros aqui e ali, das suas dores, das doenças do coração, em vez de transmitirem filmes de pirocada à tarde enquanto os velhos estão acordados para afinfarem nas velhas e nas novas.
Velhos, exijam filmes para ensinar as mulheres a terem orgasmos.
Velhas, exijam filmes para aprender a fazer sexo oral.
Olhem, fodam, corram, façam sexo virtual na net, mas não vejam o Manuel Luís Goucha nem o Jorge Gabriel nem o João Baião. Esqueçam a Vila Faia e vejam a Vila Foda. Não funguem pelo Salazar, não levem a puta da vida tão a sério. Caguem no assunto e por amor de Deus: PAREM DE CORRER PARA OS MÉDICOS!

Lisboa está linda... É um prazer passear pela cidade. Tudo arranjado, limpo, organizado, os transportes maravilhosos, enfim... Lisboa, sereia pequenina que Deus guarda ao pé do Mar.

Teco, queres um croquete ou um selinho do Imperador?
Zitinha, as cuecas do Sanope.
Caco, um re-firming nádegas-gel...
Fefa, um filme indiano para chorar...