29/05/08

A vida continua

Brasil
As coisas são difíceis. Nestes dias apetece-me viajar. Entro na net e procuro destinos. O problema é que não posso ir sem mim. Se pudesse deixar-me aqui e ir curtir... tudo ficaria mais fácil. Nem o desgaste do Elton Carlos e do Fabão me arrancam o cérebro, por isso mesmo vou ficando... eu e os meu velhinhos... todos curvadinhos, que nunca me desampararam. Se ao menos pudesse ficar desacordado um tempo longo...

Existe uma história zen sobre um homem e um cavalo. O cavalo está galopando rapidamente, e parece que o homem que cavalga se dirige a algum lugar importante. Outro homem, em pé ao lado da estrada, grita: "Aonde você está indo?" e o homem a cavalo responde: "Não sei. Pergunte ao cavalo!" Esta é a nossa história. Estamos todos sobre um cavalo, não sabemos aonde vamos e não conseguimos parar. O cavalo é a força de nossos hábitos que nos puxa, e somos impotentes diante dela. Estamos sempre correndo, e isso já se tornou um hábito. Estamos acostumados a lutar o tempo todo, até mesmo durante o sono. Estamos em guerra com nós mesmos, e é fácil declarar guerra aos outros também.
Precisamos aprender a arte de fazer cessar — parar nosso pensamento, a força de nossos hábitos, nossa desatenção, bem como as emoções intensas que nos regem. Quando uma emoção nos assola, ela se assemelha a uma tempestade, que leva consigo a nossa paz. Nós ligamos a TV e depois a desligamos, pegamos um livro e depois o deixamos de lado. O que podemos fazer para interromper este estado de agitação? Como podemos fazer cessar o medo, o desespero, a raiva e os desejos? É simples. Podemos fazer isso através da prática da respiração consciente, do caminhar consciente, do sorriso consciente e da contemplação profunda — para sermos capazes de compreender. Quando prestamos atenção e entramos em contato com o momento presente, os frutos que colhemos são a compreensão, a aceitação, o amor e o desejo de aliviar o sofrimento e fazer brotar a alegria.
Mas a força do hábito costuma ser mais forte do que nossa vontade. Dizemos e fazemos coisas que não queremos e depois nos arrependemos. Causamos sofrimento a nós mesmos e aos outros, e de forma geral produzimos grande quantidade de destruição. Podemos ter a firme intenção de nunca mais fazer isso, mas sempre acabamos fazendo de novo. Por quê? Porque a força do hábito (vashana) acaba vencendo e nos levando de roldão.
Precisamos da energia da atenção plena para perceber quando o hábito nos arrasta, e fazer cessar esse comportamento destrutivo. Com atenção plena, temos a capacidade de reconhecer a força do hábito a cada vez que ela se manifesta. "Alô força do hábito, sei que você está aí!" Nessa altura, se conseguirmos simplesmente sorrir, o hábito perderá grande parte de sua força. A atenção plena é a energia que nos permite reconhecer a força do hábito e impedi-la de nos dominar.
Por outro lado, o esquecimento ou negligência é o oposto.
Tomamos uma xícara de chá sem sequer perceber o que estamos fazendo. Sentamo-nos com a pessoa que amamos mas não percebemos que a pessoa está ali. Andamos sem realmente estar andando. Estamos sempre em outro lugar, pensando no passado ou no futuro. O cavalo dos nossos hábitos nos conduz, e somos prisioneiros dele. Precisamos deter este cavalo e resgatar nossa liberdade. Precisamos irradiar a luz da atenção plena em tudo o que fizermos, para que a escuridão do esquecimento desapareça. A primeira função da meditação — shamatha — é fazer parar.
A segunda função da shamatha é acalmar. Quando sofremos uma emoção forte, sabemos que talvez seja perigoso agir sob sua influência, mas não temos força nem clareza suficientes para nos abstermos. Precisamos aprender a arte de respirar, de inspirar e expirar, parando tudo o que estamos fazendo e acalmando nossas emoções. Precisamos aprender a nos tornar mais estáveis e firmes, como se fôssemos um carvalho, e não nos deixar arrastar pela tempestade de um lado para outro. O Buddha ensinou uma variedade de técnicas para nos ajudar a acalmar corpo e mente, e considerar a situação presente em toda a sua profundidade. Essas técnicas podem ser resumidas em cinco estágios:
Reconhecimento: se estamos zangados, dizemos "reconheço que a raiva está dentro de mim".
Aceitação: quando estamos zangados, não negamos a raiva. Aceitamos aquilo que está presente em Acolher: abraçamos a raiva como faz uma mãe com o filho que chora. Nossa atenção plena acolhe a emoção, e só isso já é capaz de acalmar a raiva e a nós mesmos.
Olhar em profundidade: quando nos acalmamos o suficiente, conseguimos observar profundamente para entender o que provocou a raiva, ou seja, o que está fazendo o bebê chorar.
Insight: o fruto do olhar profundo é a compreensão das causas e condições, tanto primárias quanto secundárias, que provocaram a raiva e fizeram nosso bebê chorar. Talvez ele esteja com fome. Talvez o alfinete da fralda o esteja machucando. Talvez nossa raiva tenha surgido quando um amigo nos falou em um tom ofensivo, mas de repente nos lembramos de que essa pessoa não está bem hoje porque seu pai está muito doente. Continuamos a refletir dessa forma até compreendermos a causa de nosso atual sofrimento. A compreensão nos dirá o que fazer ou não fazer para mudar a situação.
Depois de nos acalmarmos, a terceira função da shamatha é o repouso. Suponha que alguém nas margens de um rio joga uma pedra para o ar e a pedra cai no rio. A pedra afunda lentamente e chega ao fundo do rio sem esforço algum. Depois que a pedra chega ao fundo do rio, ela descansa, deixando que a água passe por ela. Quando sentamos para meditar podemos nos permitir repousar da mesma forma que essa pedra. Podemos nos deixar afundar naturalmente, na posição sentada — repousando, sem fazer esforço. Temos que aprender a arte de repousar, permitindo que nosso corpo e nossa mente descansem. Se tivermos feridas em nosso corpo e em nossa mente precisamos repousar para que elas possam por si só se curar.
O ato de se acalmar produz o repouso, e o descanso é um pré-requisito para a cura. Quando os animais selvagens estão feridos, eles procuram um lugar escondido para deitar, e descansam completamente por muitos dias. Não pensam em comida nem em mais nada. Apenas descansam, e com isso obtêm a cura de que precisam. Quando nós seres humanos ficamos doentes, nos preocupamos o tempo todo. Procuramos médicos e remédios, mas não paramos. Mesmo quando vamos para a praia ou para as montanhas com a intenção de descansar, não chegamos realmente a repousar, e voltamos mais cansados do que partimos. Temos que aprender a repousar. A posição deitada não é a única posição de descanso que existe. Podemos descansar muito bem durante meditações sentados ou caminhando. A meditação não deve ser um trabalho árduo. Simplesmente permita que seu corpo e sua mente descansem, como o animal no mato. Não lute. Não há necessidade de fazer nada nem realizar nada. Eu estou escrevendo um livro, mas não estou lutando. Estou descansando. Por favor, leiam este livro de uma forma alegre e relaxante. O Buddha disse: "Meu Dharma é a prática do não-fazer."1 Pratiquem de uma forma que não seja cansativa, mas que seja capaz de proporcionar descanso ao corpo, às emoções e à consciência. Nosso corpo e mente sabem curar a si mesmos se lhes dermos uma oportunidade para isso.
Parar, acalmar-se e descansar são pré-requisitos para a cura. Se não conseguirmos parar, nosso ritmo de destruição simplesmente vai prosseguir. O mundo precisa imensamente de cura. Os indivíduos, comunidades e países estão cada vez mais necessitados de cura.

(Thich Nhat Hanh. The heart of the Buddha's teaching - transforming suffering into peace, joy, and liberation: the four noble truths, the noble eightfold path and other basic Buddhist teachings. Broadway Books: New York, 1999.)


A minha Sofia fez anus, credo, anos. Aqui vai o presente para matar saudades das Terras de Vera Cruz.


O fim de semana està à porta... tudo vai melhorar.

Não há vida sem morte


Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor, engolir a labuta
Mesmo calada a boca, resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada pra a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

De muito gorda a porca já não anda
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, pai, abrir a porta
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade
Mesmo calado o peito, resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

Talvez o mundo não seja pequeno
Nem seja a vida um fato consumado
Quero inventar o meu próprio pecado
Quero morrer do meu próprio veneno
Quero perder de vez tua cabeça
Minha cabeça perder teu juízo
Quero cheirar fumaça de óleo diesel
Me embriagar até que alguém me esqueça

Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
Pai, afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue

22/05/08

O Direto, é para servir os Homens e não o contrário

O Supremo Tribunal do Estado da Califórina, onde aquele rapaz que fazia filmes cheios de conteúdo é governador, fez jurisprudência sobre o casamento homosexual. É, portanto, inconstitucional vedar o casamento a pessoas do mesmo sexo.

«In contrast to earlier times, our state now recognizes that an individual’s capacity to establish a loving and long-term committed relationship with another person and responsibly to care for and raise children does not depend upon the individual’s sexual orientation, and, more generally, that an individual’s sexual orientation — like a person’s race or gender — does not constitute a legitimate basis upon which to deny or withhold legal rights. We therefore conclude that in view of the substance and significance of the fundamental constitutional right to form a family relationship, the California Constitution properly must be interpreted to guarantee this basic civil right to all Californians, whether gay or heterosexual, and to same-sex couples as well as to opposite-sex couples.»

20/05/08

Preciso de coisas bonitas




Casa do Bento
– Esta lá? Mãezinha?
– Não ligaste domingo... – Comentou ela.
– Como vão as tias? – Perguntou ele.
– Estão todas bem. Muito chatas. É da idade. E vê lá tu, que apanharam o primeiro-ministro a fumar na casa de banho de um avião. Que vergonha! É um gaiato. Não se sabem pôr no lugar, depois dá isto. Manda quem pode e obedece quem deve. Ele fuma onde quiser e ponto final. Os homens sempre fumaram. Ora, onde é que já se viu a dar satisfações dos seus vícios. Agora, na casa de banho!
– Não têm nada mais sério para discutir? – Perguntou ele incrédulo.
– Sim. Falta saber se o cigarro era droga. Sei lá.

15/05/08

O dia duro mas bom


A Bofetada
Eu a Zitinha fomos ao teatro... ver a Bofetada. Rimos muito e passamos bons momentos juntos. Ficámos a saber que Fanta sem gás é um Tang de segunda classe. O Teco não veio porque esta empolgado num churrasco com a criadagem, com quem a snob da Zitinha não se quer misturar.

Avózita
Está de partida de novo. Sei que não gosta de voltar porque o lugar dela é aqui. Encontrou a sua raíz. Também eu encontrarei a minha velha/nova raiz... onde menos esperar.

Engula a Santa...
Rema mê filhe que estás quase a ver o tê pai n'ámereca.
(Mãe açoriana com um filho num bote ao largo das Flores)

Casa do Bento
- Está lá? Mãezinha?
- Sim filho, quem querias que fosse? - respondeu ela de imediato.
- Estou a ligar para desejar feliz dia das mães.
- Obrigado meu querido.
- Aqui no Brasil, o dia das mães é só para a semana...
- Pois, realmente, eles são um bocadinho atrasados, coitadinhos.


Um dia, em Julho fui a uma roça a uma festa. Chegou um personagem famoso e deu sua salva a pedido da mais velha. Todos vieram de imediato dizer que aquela não era a saudação do caboclo famoso. Ele não falaria em sambar e dançar... Ao percorrer a net hoje dei com esta saudação gravada do cavalo original do referido caboclo... há um bom par de anos:

Pandeiro não quer que eu sambe aqui
Viola não quer que eu vá embora
Olô pandeiro, Olô viola
Olô pandeiro, Olô viola
Pandeiro quando toca faz Pedra-Preta chegar
Viola quando toca faz Pedra-Preta sambar
O pandeiro diz: Pedra-Preta não samba aqui, não
A viola diz: Pedra-Preta não sai daqui, não
Pedra-Preta diz: Pandeiro tem que pandeirar
Pedra-Preta diz: Viola tem que violar
O galo no terreiro fora de hora cantou
Pandeiro foi-se embora e Pedra-Preta gritou:
Olô pandeiro, Olô viola
Olô pandeiro, Olô viola

Down Town na zona alta

São Salvador da Bahia é a única cidade d0 mundo que tem uma dowtown na uptown. Estão a construir uma zona financeira e de escritórios na zona alta da cidade. São escritórios, lojas, espaços de lazer e claro uma extenção do novo shopping,onde temos o nosso restaurante. A curisosidade é o facto de chamarem a estes edificios, downtown.
Para além destes baptismos, nesta mesma zona, existe a Manhatan Square e o Salvador Prime, palácio dos emergentes, porque como todos os projectos imobiliários em cursopor aqui, trazem um" novo conceito de viver".
Ao lado do Salvador Prime existe uma grande favela, não das piores, porque já foi sendo melhorada pelo suor dos seus habitantes, chamada Pernambuez... o povo já está a chamá-la por Salvador Second.

13/05/08

13 de Maio

Regina Sacratissimi Rosarii Fatimae, ora pro nobis.


Feira de São Joaquim
Fui lá hoje de manhã cedo porque foi preciso. Falei com a baiana que faz os copos de sumo, comprei as folhas e ouvi o moleque que carrega as compras dizer que ela só gosta de bode porque quer ter em casa carne do sertão. Está dito: «minha mãe não me fez branco para que eu seja franco.»

A Gula Santa é um pesadelo que não pára, a mão-de-obra, apesar de maior de idade, é infantil e tem de ser tratada como tal. É preciso estar constantemente a dar ordens e a ralhar. Estou a cansar-me do movimento internacional... pobrete mas alegrete...

A Zitinha está no auge da adolescência aos 13. Tal como eu é precoce. Acha-se a melhor do mundo, em tudo, e di-lo a toda a gente, incluindo às professoras. Umas acham graça, outras nem por isso e na hora do queijo, comomanda a tradição, são elas que têm a faca.

O Teco vive num mundo onde os heróis são os caseiros. E eu que me achava chic. Só pensa em churrasquinhos e está constantemente de alpercatas... que inferno.

11/05/08

Dia da Mãe

Nova York never sleeps, 2008-2009.
La Sonambula de Belini, com Déssay e Florez de novo.

Hoje é dia das mães aqui no Brasil
Ser MATER é viver fazendo nascer todos os dias.
Mãezinha, quero colo.

07/05/08

Dignidade

A dignidade é a última coisa que podemos perder...
se nos baixamos demais, vêem-se as cuecas,
como diz o provérbio alentejano...

05/05/08

03/05/08

Sassaricando

A Res:.Loj:. Acácia fez 100 anos. Por lá passaram alguns dos nomes mais marcantes da vida intelectual e política do sécuclo passado. A história também se faz na resistência e na persistência.
T:.A:.F:.



DOMENICA IN PENTECOSTIS
Toma posse o Novo Grão Prior do Priorado
(q.D.g)
Raimundus,+C.O.T



Ontem teria assitido naquela que é a minha cidade favorita
a esta ópera aguardada com tanta expectativa.



A ferver em SSA
Só que eu não sou um ícone...

A Ferver começou no dia em que BUfford decidiu fazer o perfil de Mario Batali, prontificando-se a passar catorze meses na cozinha do Babbo, o restaurante de cozinha italiana situado em Waverly Place, no West Village.
Porquê o interesse em Batali?
Porque Batali, Pó para os íntimos, proprietário do Babbo e um chefs mais reputados de Nova Iorque, é uma lenda viva da cozinha. Com os seus «calções, os socos, os óculos de sol circulares, o cabelo ruivo apanhado num rabo-de-cavalo», tornou-se um ícone da cidade, rapidamente identificado tanto pelos executivos de Wall Street como pelos fãs dos New York Giants.
Sim, o programa de televisão, Mario Molto, ajuda. Buford e Batali são amigos, mas essa relação de cumplicidade não facilitou a vida do escritor.Na cozinha do Babbo, igual entre iguais (o estatuto de intelectual não comove ninguém), com a desvantagem do principiante mal preparado, Buford teve de aprender tudo a partir do zero. Logo no primeiro dia, às 7 da manhã, Elisa Sarno, chefe da “preparação” — as cozinhas destes restaurantes são como linhas de montagem —, perguntou rispidamente: «Onde puseste as tuas facas?» Ele não queria acreditar: «É suposto eu ter facas?» Era. Elisa não admitia amadores.
Nos Estados Unidos há 229 escolas de cozinha credenciadas, que formam por ano 25 mil profissionais. As mais caras cobram 20 mil dólares de propina por ano (o curso dura quatro) e, no último, é preciso fazer um estágio não remunerado num restaurante. A tese é obrigatória para obtenção do diploma. Buford foi aceite na cozinha do Babbo a título excepcional. No primeiro dia, Elisa pô-lo a aprender a desmanchar animais.O livro faz a síntese entre o calvário de Buford (contrariamente à tradução portuguesa, que tem como subtítulo Aventuras e desventuras de um cozinheiro amador, o original refere expressamente as aventuras de um “escravo de cozinha”...) e a biografia de Batali, que nasceu em 1960 num subúrbio de Seattle, filho de mãe canadiana e pai italiano, funcionário da Boeing. Aos 15 anos, Batali foi com a família viver para Espanha, e mergulhou fundo na movida de Madrid. De regresso aos Estados Unidos, para frequentar a universidade, depressa foi parar, embora não pelas melhores razões, à cozinha de uma pizaria de New Jersey, o Stuff Yer Face. O mais engraçado é que a mãe lhe recomendara um curso superior de culinária (mas ele preferiu especializar-se em gestão de empresas e em teatro espanhol), sugestão que Batali recusou, por abichanada. A partir da pizaria nunca mais parou. Fez um tirocínio em Londres, num obscuro pub de King’s Road, o Six Bells, entrando como “escravo” de Marco Pierre White, hoje um dos chefs mais influentes do Reino Unido. À época eram ambos jovens, embora White fosse já um profissional reconhecido, «basicamente analfabeto mas, por ser tão intuitivo e físico [...] conseguia fazer com a comida coisas que jamais alguém fizera.» Os dois eram muito diferentes: Batali tinha umas grandes barrigas das pernas, enquanto White era perfeito como uma escultura, com ombros largos e cintura estreita. Mas foi com White que Batali aprendeu «as virtudes da apresentação, da velocidade, da perseverança e de uma cozinha forte e musculada», aprendendo ao mesmo tempo a odiar o paradigma da cozinha francesa. Ao pub de Chelsea seguiu-se um tour pelos grandes restaurantes europeus. O resto é história. A sua passagem pelo Clift e pelo Stars, ambos de São Francisco, coincidiu com a revolução californiana, esse «momento pós-moderno na alimentação», quando um pedaço de comida, «uma ponta de espargo [não era] um mero vegetal verde mas um problema de grande premência — um manuscrito de Milton, ou de Susan Sontag.» Nesses anos em que o jantar se tinha tornado «uma questão intelectual», Batali exorbitou, provando ser possível fazer uma grande refeição a partir de um naco de foie-gras e de uma «redução doce e avinagrada de laranjada Nehi e rebuçados Starbust de fruta». Assim se tornou, aos 27 anos, o chef mais bem pago da América.É praticamente impossível descrever as mil peripécias da aprendizagem de Buford (a qual incluiu uma viagem à Toscânia para aprender os segredos da pasta), os seus momentos de tensão, humor e júbilo, os mexericos, as duras regras que teve de vencer para passar de escritor a cozinheiro. E tudo isto apesar de não considerar o Babbo o melhor restaurante italiano de Nova Iorque... lugar que reserva ao Beppe, no n.º 45 East da 22.ª rua (mas esta informação não consta do livro). Absolutamente visceral.

02/05/08

Epa Baba

Meu pai Oxalá é o rei venha me valer.
Hoje não se decide, descansa-se e espera-se.

01/05/08

Um de Maio