02/06/08

Laroie Exu


Exu come tudo o que a boca come, bebe cachaça, aguardente, licores, é um cavaleiro andante e um menino reinador. Gosta de balbúrdia, senhor dos caminhos, mensageiro dos deuses, correio dos orixás, um capeta. Por tudo isso sicretizaram-no com o Diabo. Na verdade ele é apenas um orixá do movimento, amigo de um bafafá, de uma confusão, mas, no fundo, excelente companheiro.
Decerta maneira é o Não onde existe o Sim, o contra onde só há o a favor. É intrépido e invencível.
Todas as festas num Terreiro começam com uma cerimónia para Exu, para que ele, com o seu gás zombeteiro não venha causar perturbação.
A sua roupa é bela, azul, vermelha branca, e todas as segundas-feiras lhe pertencem.
Dizem que quem guarda os caminhos da Cidade do Salvador da Bahia-de-Todos-os-Santos é Exu, orixá dos mais importantes na liturgia do Candomblé.
É malicioso e arreliador, não sabe estar quieto, gosta de confundir e aperrear. Postado nas encruzilhadas do caminho, escondido na meia-luz do crepúsculo, na barra da manhã, no cair da tarde, no escurinho da noite, no breu da noite profunda, ele guarda a sua cidade e os seus bem-amados. Ai de quem desembarcar com intenções malévolas, intenções de ódio no coração ou violência ou azedume.
O povo desta cidade é doce e cordial, e aos outros, Exu tranca os seus caminhos.
Conheço uma filha de Exu, sua digna e honrosa reporesentante. Tudo movimenta, tudo manipula, zombeteira, cismada e muito divertida.
Não o temo. Todos temos o nosso Exu dentro do nosso ser. É doce e obediente quando bem tratado.
Adoro o meu Exu, ele foi uma das melhores descobertas que fiz na Bahia. A ele e ao velhinho, com a sua paciência infinita, devo a minha vida.

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