18/06/06

Escova progressiva

O aspecto do cabelo para as pessoas da Bahia tem ainda maior importância.Aqui,como em quase todos os outros lugares do planeta, quase ninguém está satisfeito com o cabelo que tem.
Vivo numa terra em que o sonho de qualquer moçoila casadoira, ou viril rapazito, é ter o cabelo escorridissimo, liso, sem o mínimo de ondulação, tipo menina loira de subúrbio de Texas. O problema é que 60% da população da Bahia é negra, e ,vá-se lá saber porquê, Deus deu-lhes cabelo encaracolado ou mesmo a célebre carapinha.
É aí que a coisa piora.As Jocenildes, Gilmaras e Creusas estão agastadas e fartas até aos olhos de ter cabelo de palha de aço e de piaçaba.Elas querem cabelinhos de Barbie no castelo ou a cavalo no my litle poney.
Eis que de repente surge a fada madrinha e , no mercado, um produto que vence, onde todos os outros falharam.Não há plixes, mises, ferros,chapinhas nem papelotes que cheguem aos pés da ESCOVA PROGRESSIVA.
A escova progressiva roda sobre si mesma, a partir de um maravilhosos cabo de baquelite,tem várias velocidades e as mais sofisticadas deitam vapor e aquecem.
Aplica-se junto ao escalpe, e pondo o turbilhão em marcha puxa-se com força de Hércules ao longo de todo o seu comprimento, comprimento esse que, traz em si outro problema.Para serem cabelos de sonho devem ser compridos até ao cú.
A maioria sofre porque tem o cabelo curto.No máximo, o cabelo das negras e dos negros leva vinte anos para crescer até aos ombros.
Perante esta impossibilidade frustrante, que fazer?
- Compra-se um saquinho de cabelo, pois claro!
As moças brancas que devem tê-lo mais estrumado, deixam-no crescer até ao cú e cortam-no de novo pelos ombros, vendendo o excedente.Isto é que é uma verdadeira cooperação racial.
As compradoras, essas, de novo, esticam-no, pintam-no, lavam-no em bacias, penduram-no ao sol, e aplicam-no sobre o delas.
Depois de todo este processo, adeus carapinhas, vivam as Sissis imperatrizes da Aústria,que fazem jus à raça negra e á cultura africana.


Vivam as carapinhas!

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