12/03/06

"...SEI QUE NÃO VOU POR AÍ..."

... é uma frase do poema "De Deus e do Diabo", escrito por José Gomes Ferreira, grande poeta e resistente antifascista-português.
Vem esta frase a propósito de missivas vindas daquele lado do Mundo Velho, indagando curioso, porque parti e como posso sobreviver longe da mãe-metrópole. Essa metróplole provinciana, em que como há cem anos todos se conhecem e em que todos querem a "galinha da vizinha porque é melhor do que a minha".
Pois EU sei que não vou por aí. Quero uma vida simples e calma, sem cashemiras nem holofotes, um local onde me sinta bem junto aos beija flor que também me beijam e onde o trabalho seja um prazer e um modo de garantir a vivência do dia-a-dia recheada de amigos, livros, manjares e pequenos prazeres de viagens a sítios onde nem sonham existir a simplicidade. Nada mais!
Vou onde a Bahía e Todos-os Santos me levarem, com o privilégio incomensurável de ter quem me acompanhe e me cubra com o seu amor há 15 anos, a que se juntaram frutos, novos e velhos que nos tornam numa família.

Sei que não vou por aí ... e Lisboa por agora nada me diz ...


Post Scriptum :
Aqueles que se preocupam com as minhas finanças podem fazer donativos nas minhas contas do Montepio. Posso explicar em que estado estão e se precisarem de dinheiro emprestado aprendi a arranjar óptimas soluções, baseadas em hipotecas e outros afins, que exlicarei aos amigos necessitados ... e não me chateiem porque tenho muito para viver e pouca paciência para que me chateiem!!!!!



DOMINGO

Apesar de tudo cumpro a tradição e hasteio a bandeira nacional no jardim.

A trovoada teima em chegar e o abafadíssimo ambiente teima em partir.
O Verão vai deslizando para dar lugar ao Outono o que nos faz alguma confusão inicial, porque ao nome dos meses foi retirada a carga climática.

Há vários dias que a favela da Rocinha no Rio de Janeiro vivem em estado de guerra com o exército a propósito do tráfego de droga. É tão problemático combater ladrões como a polícia, a fronteira aqui como noutros sectores a sociedade é bem ténue.

Lula quer impor um melhor salário mínimo (que não é mexido há 10 anos), e passá-lo para 350 reais. (1 euro 2.45). Os que os pagam indignam-se desejosos de manter o trabalho braçal ao preço da chuva... enfim.
Os primeiros negros a ir à escola foi em 1946. Vão levar muito tempo a chegar em número às universidades e consequantemente ao poder.
86% da população da Bahia é negra.


O domingo aqui é como antigamente: ninguém trabalha. Imagine-se nem os centro comerciais(sacrilégio capitalista). As pessoas juntam-se em família, na praia ou almoçando à sombra de uma árvore ou de um telheiro, normalmente comidas impensáveis para um clima destes.
É o dia do povão descansar e se encontrar.

1 comentário:

Anónimo disse...

os teus desabafos são água para a minha sede.
Obrigado por nos deixares partilhar os teus "segredos"...
bêjos à famelga..