Feira de São JOAQUIM

Hoje fui á feira.
A feira de São Joaquim é onde a vida de Todos-Os -Santos e a Bahia pulsam.



Seu Joaquim foi, como aliás tantos outros no inicio do século XIX, um emigrante que enriqueceu com o cacau brasileiro.
Vivia em Salvador e era muito devoto de São Pedro.
Satisfeito com a sua vida e agradecido pelo que lhe sobejava, decidiu, não certamente sem o impulso de uma diáfana esposa, construir um asilo para os orfãos desamparados de Salvador.
Escolhido o local, junto ao mar, na zona baixa da cidade, erigiu a Igreja de São Pedro e o asilo acopolado.Um convento,naturalmente.
Os soteropolitanos, rapidamente, passaram a chamar ao local, o Asilo de Seu Joaquim.
Ainda o dito era vivo e já o Asilo e a Igreja, cujo o patrono era São Pedro se chamavam, asilo e igreja de São Joaquim.
Seu Joaquim retirou de imediato o apoio à instituição que não respeitava o Orago da sua devoção-São Pedro.
Tarde de mais. Ainda Hoje o local, a feira e o asilo são de Joaquim e não de Pedro.



A feira é unica.
Bancas de madeira, caminhos labirínticos e estreitos, sujidade, animais vivos, lanchonetes ambulantes, cores e cheiros que não acabam.
As zona da fruta é incandescente.Centenas de cestos gigantes empilham toneladas de frutas coloridas com nomes indizíveis.Cjá,Jaca dura,jaca mole,umbu,siriguela,caju,laranja de umbigo.Um cento de laranjas de umbigo por 8 reais, dois abacaxis por 1 real, sumos que não acabam,servidos por moleques e bebidos em copos mal lavados.
A alma da feira é no entanto outra.A alma da feira é o que não se diz.
Lojas de magia no emaranhado de ruas fazem-na misteirosa.Trata-se uma ampla zona dedicada a fornecer o que de bom e de mau tem a religiosidade da Bahia.
Compram-se lá as folhas para banhos,os tabacos de cheiro,os incensos,as missangas,enfim tudo aquilo que faz falata num terreiro de candomblé.Mas também encriptadamente do tudo o que faz falta para magias,negras,barnacas ou coloridas.Há bonecos para vudu,agulhas,protecções contra o mau olhado,e coisas que nem imaginamos.
É nesta feira onde se juntam,padres,maes de santo, policias,ladrões, bruxos e bruxas,toda a Bahia ali vai.
Neste momento decorre uma exposição fotográfica dentro da feira com grande interesse e participação de todos os vendedores.
Foram feitas fotografias ad-hoc, na Feira de São Joaquim na Baia e na Feira de São Paulo em Luanda.Todas elas estão espalhadas pela feira em cima das bancas.
Na entrada da feira estão também outras tantas fotos, desta feita em tamanho e forma de cartaz.
Ninguém consegue identificar quais as que foram tiradas na Baia e quais as que o foram em Luanda.É um facto impressionante, 400 anos depois da chegada dos primeiros negros.

A feira é ainda uma zona proibida.Mas ou se sente ou não se consente entrar ali.
Há concerteza muitos baianos que nunca o fizeram. Doris diz que não vale a pena o esforço e dsipendio de gasolina.Ela não sabe nem sonha o que a FERA DA FEIRA NOS FAZ!



Laranjas de Umbigo

Esta é uma palvra que aprendi hoje na feira.
As laranjas na bahia não são todas de cor laranja.Há amarelas, esverdeadas e com cor de abóbora.Há-as pequenas e grandes,com gomos e sem gomos,miudinhas.Há ainda as primas Mixiricas(tangerinas)que são verdes.
Laranjas de umbigo são verdes, de casca grossa, e com um remate que prende à arvore.
Gosto do nome.
Cada um tem o umbigo que cultiva,ou não é?


Sexta-Feira dia de Oxalá