03/04/06

VIAGEM NO NZAZI-Parte II

Após as longas horas dormidas e com o barco a bom ritmo foram-se adensando as paisagens.Sózinho,sentado na rede que servia também de cama, de mesa e escritório,via o filme da vida correr.
Quando iniciamos a descida à gruta VITRIOL,sabemos como começamos mas nunca como acabaremos.Encontrar-se consigo mesmo,com os nossos defeitos e qualidades,com a nossa ansiedade, com os nossos medos e glórias é um trabalho árduo,só aliviado pela mata, pelo manguejal atlântico, pelo sabor dos banhos, que se tomam várias vezes ao dia, com a água pedida a Oxum para refrescar corpo e alma,pelo milho,pelas ervas que aqui e ali perfumam tudo e inebriam quem cheira .

Depois desse banho reconfortante a primeira medida necessária e sensata é acalmar o lado mau, a cota tenebrosa que todos temos.Encerrar os fantasmas e aquilo que nos impede de andar e que nos agrilhoa sem piedade.
Tarefa muito custosa mas conseguida.
Apenas um galo cantou.


Primeira paragem- Banho em Cachoeira


Num dos recantos do rio há uma pequena bifurcação onde o rio cai sobre uma pedra velha,muito muito velha.Parámos o barco,sem nunca interromper a viagem, saltámos para a pedra e deixámos o caudal trespassar-nos, retirando as poeiras alojadas há anos, no mais recôndito do nosso coração.O caudal e o cheiro das águas era tão intenso que a realidade deixou de fazer sentido.
De novo no barco,nem uma palavra foi dita.Dormimos 12horas,num estado de letargia em que entidades de um mundo fantástico não paravam de nos visitar.Padres jesuitas,baianas de turbantes brancos,duendes encantados,velhos.Todos nos queriam falar.

O barco continou a navegar toda a noite sob a vigilância estreita dos seus tripulantesvelhos,crestados pelo sol,com uma sabedoria assente noutros barcos que de Angola vieram trazendo força braçal a este continente,mas também uma sabedoria tão antiga que não tem fim.

A hora de comer uma buxa e um chá de erva doce era o repasto das melgas.Quando timidamente tentava pensar num deste modernos repelentes,elas juntavam-se em grupo e riam num gargalhar dançado, a que se juntavam os camarões voadores e umas putas de umas formigas mínimas, que tem uma boca mínima,mas ferram com a violência do Catrina deixando uma vergão do tamanho de um comboio.
Ao quinto dia deixei de as provocar com o repelente.Há que saber negociar.


O NZAZI lá foi balançando rio abaixo.As chuvas caíramcomo num dilúvio.Rápidas, mas muito itensas.Não tiveram importância. Ajeitei-me entre as goteiras e deixei-me ficar.
A entrada da gruta trazia as perguntas tão duras e tão velhas como os próprios Homens.
-O que quero da vida,que valores preservo, como quero viver a minha vida,que significa o amor?Enfim inquietações de quem quer pensar a vida que leva e o VITRIOL aprofunda-se.

Certo estou que Lisboa estava esgotada.




Cágados

Chegaram dois cágados cá a casa-Nabuco e Manon de seu nome, comem tudo o que apanham.São do tamanho de uma bola de futebol e só pensam em sexo.
Desafiando as leis da natureza o Átila consegue mordê-los e trespassá-los.

Arturinho em perigo de vida
O arturinho foi mordido nos genitais por outro cão.A coisa é grave e séria.Terá de ser operado.Os tomates parecem bolas de rugby.


Mário

Com a minha ausência e o receio dos testes não pára de fazer asneiras.
Com um colega furou a lingua para por um peircing.
A língua não parou de inchar e a febre de subir.Hospital e uma lingua de cão fora da boca.
Está em pânico porque lhe dissemos que provavelmente terá uma doença na lingua e ficará gago.
Piercing retirado.Não há piercings em nenhuma parte do corpo até aos 18 anos.

Mário II

Mandou à Condessa uma foto de um cadeado aplicado na glande como piercing.
A condessa do alto dos seus 75 anos respondeu-lhe que achava bonito.
Mario sentiu-se respaldado.Depois de um telefonema,se percebeu que a própria não percebeu o que suportava o cadeado...


Clima

Vêem ai dois dias de chuvas tropicais.Possibilidades de estragos.Ate hoje á noite,nem sombra.

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