
O compromisso do mundo ocidental... "até que a morte nos separe.." que subentende investimentos e deságua na familia já teve o sue tempo. Olhando à minha volta vejo o quanto isso mudou. Homens e mulheres juntam-se primordialmente para ter filhos,e como não os podem abandonar(embora às vezes apeteça), criaram uma estrutura social, sobretudo monogâmica,para organizar a propriedade e os bens. Quem não se lembra da velha distinção entre filhos de pai incógnito, legítimos e ilegítimos?
Cresceram assim estruturas de carácter legal que se transformaram em estruturas de carácter social perenes e conservadoras.
Com o século XIX, com o romantismo e a mudança de organização social construi-se a razão mais idiota para casar: - o amor.
Esta nova razão não é histórica,nem comum.
Antes disto o mundo dividia-se entre aqueles que precisavam de organizar bens (classes abastadas) e os que viviam no mundo tão natural, do biológico, do desejo, mesmo que na fugacidade das relações.
O século XVIII era prodigioso e mestre nesta singela,mas fundamnetal separação.
O desejo não é exclusivo,mas inclusivo.Como todos sabemos é impossivel deixar de desejar,independentemente do social ou da estrutura.
A Histórias esta cheia destas alternâncias pendulares:-a belle epoque, por oposição à rigidez vitoriana, o sex and rock'n roll por oposição à II guerra mundial,os anos 60,por oposição ao modelo pequeno-burguês e familiar americano.
As sociedades menos complexas resolveram sempre melhor esta pendulação e controlam-se mais.
As sociedades modernas tem muita dificuldade em aceitar eternos imutáveis.
Esta confusão está presente,hoje ainda na maioria dos casais que conheço, ou que me rodeiam.
No Brasil a confusão é total. Os casais devem estruturar-se. O amor é congénere da trasncedência. É outro nome para o impulso criativo, e, como tal carregado de riscos. Amor significa abrir-se ao destino,à mais sublime das condições humanas, em que o medo se funde com o regozijo.Abrir-se ao destino significa, em última instância admitir a liberdade no ser: aquela liberdade que nos traz o outro, o companheiro desse mesmo amor.
Aceitar esta dificuldade e este enigma, sem nunca oprocurar resolvê-lo, exige um trabalho penoso,grandeza, equilíbrio/desíquilibrio, amadurcimento e muito auto-conhecimento.
O amor é pleno mas, os amantes são precários, impossíveis, atrapalhados por eles mesmo e pela fugacidade. A maioria tem um amor mas não tem capacidade para aguentar o fardo,sobretudo quando descobre que a felicidade é apenas temporalmente limitada.
Tenho dedicado 17 anos da minha vida a viver,sem deslindar o enigma e a deitar-me todos os dias na mesma cama com a mesma pessoa. Será isto o AMOR?Não quero saber. Mesmo!